Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o mundo estava vivenciando a pandemia (enfermidade epidêmica amplamente disseminada) do novo coronavírus.
Com isso, várias iniciativas em busca de vacinas para o combate do vírus foram implementadas. Em dezembro de 2020, apenas um ano após a descoberta do vírus, pessoas de diversos países começaram a ser vacinadas contra a COVID-19. No Brasil, deu-se início à vacinação, em janeiro de 2021.
A ansiedade por uma vacina contra Covid-19 é grande. Com isso, é normal que surjam dúvidas, principalmente sobre quando ela será distribuída e se será mesmo segura e eficaz. Tire todas as suas dúvidas sobre as vacinas disponíveis no mundo para combater o novo coronavírus.
10 dúvidas sobre a vacina da COVID – 19
1. Como funciona uma vacina?
As vacinas são o meio mais seguro e eficaz de as pessoas se protegerem contra determinadas doenças infecciosas e são obtidas a partir de partículas do próprio agente agressor, na forma atenuada (enfraquecida) ou inativada (morta).
Quando nosso organismo é atacado por um vírus ou bactéria, nosso sistema imunológico trabalha para frear a ação desses agentes estranhos. Infelizmente, nem sempre essa “operação” é bem-sucedida e, quando isso ocorre, ficamos doentes. As vacinas, por sua vez, se passam por agentes infecciosos de forma a estimular a produção de nossas defesas, por meio de anticorpos específicos contra o “inimigo”.
Dessa forma, elas ensinam o nosso organismo a se defender de forma eficaz. E, quando o ataque de verdade acontece, a defesa é reativada por meio da memória do sistema imunológico. É isso que limita a ação inimiga ou, como acontece na maioria das vezes, a elimina totalmente, antes que a doença se instale.
2. Que tipos de vacinas estão sendo desenvolvidas e como elas funcionam?
Vacinas com o vírus inativado: têm como base um vírus que passou por um tratamento químico que o torna incapaz de se replicar. É a mesma estratégia utilizada nas vacinas contra a poliomielite, por exemplo. Esta é a metodologia da CoronaVac®, que está sendo produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a SinoVac.
Vacinas com vetor viral não replicante: estratégia ainda inédita em seres humanos, utiliza um adenovírus inofensivo como meio de transporte para uma proteína do Sars-CoV-2, a espícula S, que o coronavírus usa para invadir as células humanas. O contato com o adenovírus permite uma resposta do organismo contra essa proteína. Esse é o caso das vacinas da AstraZeneca/Universidade de Oxford (imunizante que será produzido pela Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz – no Rio de Janeiro, graças a um acordo do laboratório britânico com o Ministério da Saúde), da Janssen/Johnson & Johnson e do Instituto Gamaleya (Sputnik V), da Rússia.
Vacinas com RNA mensageiro ou mRNA: nesse tipo de vacina, o mRNA leva a mensagem do gene da proteína “S” do Sars-CoV-2 para as células, ativando a resposta imune do nosso corpo. Trata-se de uma nova tecnologia, com a vantagem de rápida produção, porém, com uma necessidade de armazenamento em temperaturas muito baixas, tornando sua distribuição mais complexa.
As vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna são baseadas nessa estratégia. Importante destacar que é falsa a informação de que esses tipos de vacinas podem alterar nossos genes. O mRNA não tem a capacidade de entrar no núcleo celular e modificar o genoma, não causando, portanto, mutação nem danos genéticos.
3. Como ter certeza de que uma vacina é segura?
Respeitar as etapas necessárias dos estudos e as revisões posteriores garantem a segurança. Por isso é importante aguardar os resultados consolidados dos experimentos. As etapas principais das pesquisas clínicas são:
Fase 1: testes com pequenos grupos de pessoas (dezenas ou centenas, no máximo) para entender se a vacina causa ou não efeitos colaterais e para verificar dosagens mais adequadas.
Fase 2: centenas (ou até milhares) de voluntários são examinados. Além de possíveis efeitos colaterais, começa a ser medida o efeito da vacina no sistema imunológico.
Fase 3: o imunizante é aplicado em milhares de pessoas em diferentes locais para verificar se, na prática, ele evita a Covid-19 e não provoca reações adversas inaceitáveis.
4. Posso ser infectado pelo coronavírus ao tomar a vacina?
Não, pois nenhuma vacina em testes contém o vírus vivo. “A vacina contra a covid-19 é uma ‘vacina morta’, ou seja, são inativadas, não contém o vírus vivo. Portanto, é impossível você ser infectado ao se vacinar.
5. Quem já teve Covid deve ser vacinado?
Sim. Especialistas dizem que os dados iniciais indicam que a vacina deve ser aplicada em que já teve a doença. A vacina pode oferecer uma imunidade mais duradoura e trazer mais benefícios em relação à nossa imunidade natural.
6. As vacinas que utilizam a técnica do RNA alteram meu código genético?
Não. A sequência genética humana não é afetada pela técnica do RNA, que é nova e vem sendo usada em vacinas em testes pelo mundo, com bons resultados. Duas vacinas usam essa técnica: a da Moderna e a da Pfizer/BioNTech. O mRNA (RNA mensageiro) leva a mensagem de qual proteína a célula deve produzir. Depois que entrega a mensagem, o mRNA se degrada rapidamente. O mRNA não permanece e não tem como ele se integrar no nosso DNA ou alterá-lo.
7. O que significa a taxa de eficácia de uma vacina?
Esse conceito se aplica apenas quando estamos falando de vacinas na fase 3 de estudos. Por isso, os dados de eficácia são calculados em ambientes controlados, em que os cientistas monitoram os participantes do estudo. Na prática, se uma vacina tem 90% de eficácia, isso significa dizer que 90% das pessoas que tomam a vacina ficam protegidas contra aquela doença.
A CoronaVac registrou 50,38% de eficácia global nos testes realizados no Brasil. O índice aponta a capacidade da vacina de proteger em todos os casos – sejam eles leves, moderados ou graves. O percentual está acima do mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e também pela Anvisa: 50%.
Para especialistas, a vacina é segura e vai ajudar a frear a pandemia do coronavírus no Brasil. Além disso, a eficácia é mais alta para casos leves, graves e moderados. A eficácia para casos leves é de 78%. E para casos graves e moderados, de 100%.
8. A vacinação contra a Covid-19 acabará com o coronavírus?
Ainda não se sabe. Em maio, a OMS afirmou que não há como prever quando se o coronavírus irá desaparecer um dia, mesmo com uma vacina (veja mais no vídeo abaixo).
Porém, ainda que a vacina não seja capaz de fazer o vírus desaparecer, ela será capaz de interromper as cadeias de transmissão e conter a disseminação entre as populações.
A previsão dos cientistas e da própria OMS é que o coronavírus se torne endêmico: à exemplo do que ocorre com o Influenza, que infecta novas pessoas todos os anos, o vírus continuará em circulação infectando aqueles que estiverem suscetíveis à Covid-19.
9. A pessoa vacinada pode contrair o vírus e/ou transmitir para outras pessoas?
Estudos já comprovaram que algumas vacinas em estágio final são seguras e eficazes. Agora, cientistas analisam se, além de evitar o desenvolvimento dos sintomas e a morte por Covid-19, as vacinas são capazes de impedir que a pessoa se infecte e transmita o vírus.
O que se sabe até agora é que elas protegem contra a doença, contra sintomas da Covid e tem alguma indicação de que pode também estar protegendo contra doença grave, mas ainda não é certo que a vacina protege contra a infecção.
10. Quando teremos imunidade de rebanho com a vacinação?
A imunidade de rebanho acontece quando muitas pessoas adquirem anticorpos ou uma resposta imunológica a uma determinada doença infecciosa. O agente patogênico passa a encontrar menos pessoas sem imunidade e encontra dificuldade em se propagar, ou seja a cadeia de transmissão da enfermidade é interrompida.
Ainda não é possível estimar quando e em qual taxa de população vacinada ocorrerá a imunidade de rebanho.